A Itália, conhecida por seu passado e presente ricos em cultura, deve dar em alguns dias as boas-vindas para o processo eleitoral dos conselhos regionais. Antigo centro administrativo durante a consolidação do vasto Império Romano, o país enfrenta dilemas que põem em cheque ideologias conflitantes, em especial no campo político. Até o fim desse ano, os eleitores de Marche, Vale de Aosta, Calábria, Toscana, Apúlia, Campânia e Venêto escolheram seus representantes a nível regional, envolvendo a disputa entre a coligação conservadora CDX, incluindo o partido FdI (extrema-direita) da Primeira-ministra Giorgia Meloni e a coligação oposicionista CSX que reúne siglas partidárias progressistas.
Entre os meses de maio e junho, foram realizadas eleições municipais no país. O CSX (centro-esquerda) obteve o maior número de prefeituras, 24 das 74 em disputa, e o CDX (centro-direita) ficou na segunda colocação ao sair vitorioso em 16 corridas eleitorais. Nas cidades mais populosas, o avanço dos candidatos do campo à esquerda foi mais expressivo. Em Gênova, capital da Ligúria, Silvia Salis (independente, mas apoiada pela CSX) derrotou o incumbente que representava os partidos de centro-direita no município nos últimos treze anos. Já em Taranto, capital da Apúlia, Piero Bitetti venceu a candidata independente Giuliana Perrotta.

Italianos elegerão os presidentes de conselhos de sete regiões em 2025 — Foto: Cecilia Fabiano/AP.
VALE DE AOSTA
No próximo domingo, 28, a região do Vale de Aosta, localizada no noroeste da Itália, dará o pontapé inicial para eleger seu próximo presidente regional. Em 2020, o partido da Liga (direita) conquistou 11 assentos dos 35 disponíveis, superando assim a UV (União Valdostiana), partido tradicional na região) que obteve 7 assentos e empatou com a coligação de esquerda PCP. O resultado das negociações para a formação do novo governo foram, no entanto, favoráveis a centrista UV, sob liderança de Erik Lavévaz.
O cenário político hoje aparenta ser mais enxuto, embora não para a esquerda. O arco de partidos conservadores embarca as siglas alinhadas em escala nacional: FdI, Liga e FI (Força Itália). O partido governista UV assinou um pacto eleitoral com o separatista PAS, enquanto quatro partidos, que na eleição passada tiveram 8 assentos somados, formaram a coligação “Autonomistas do Centro”. A esquerda rachou em três candidaturas: o PD (Partido Democrata), a AVS (Aliança Verdes e de Esquerda) e o Vale de Aosta Aberto (incluindo o M5S).
MARCHE
Também no dia 28, mas estendendo sua votação até o dia seguinte, a região de Marche escolherá o seu líder com mandato para os próximos 5 anos. A coligação de centro-direita, encabeçada pelo atual presidente, Francisco Acquaroli (FdI), tenta vencer em uma região historicamente ligada ao campo progressista. A coligação governista, nas eleições de 2020, atingiram o percentual de 49,13% dos votos válidos, segundo fontes oficiais, e 20 dos 31 assentos do conselho. O PD, dentro da aliança do CSX, obteve apenas 37,29% dos votos e 8 cadeiras, e o M5S, em candidatura separada, 2.
Os principais partidos que acompanham a candidatura de Acquaroli são os seguintes: FdI, Liga, FI, UdC (União de Centro) e Marche Civics. Diferentemente da fragmentação do Vale da Aosta, os partidos do campo progressista encontram consenso entorno do candidato Matteo Ricci (PD), membro do Parlamento Europeu e ex-prefeito de Pesaro. Apoiam Ricci, além de seu partido, o M5S, AVS, “Projeto Marche” (que inclui o IV, Itália Viva) e outros partidos menores. As pesquisas mais recentes indicam uma ligeira vantagem do candidato conservador (uma média de 50,5% para Acquaroli contra 44,1% de Ricci).